sábado, 25 de maio de 2013

Esquadros


Ela não se tortura mais. Apagou a vela nesta manhã, estava serena, apresentava aquele ar dos heróis quando tombam na batalha. Nos últimos dias ouviu algumas vezes ao longe a singular canção:

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

As letras não são mortas, suspirou em voz alta antes de adentrar em um sono leve, discreto, que aumentava aos poucos, até não regressar mais.

Foi assim que Dorothy Gale partiu para outra jornada, não a do herói, mas ela seguiu...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Desta vez tia Em e tio Henry não mais a achariam.

Vitrola: Adriana Calcanhotto e Paulinho Moska - Esquadros

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem Dorothy suportaria a dor da apatia...