Não sou eu a pessoa mais indicada a reivindicar um carnaval. Em mil anos haverá no mundo um turbilhão de arruaceiros, todos com seus chips devidamente incorporados em suas almas, e cada qual sambando conforme a música.
Aquela garota lá da esquina me convidou para desfilar na avenida. Me disse pra entrar fantasiado de arlequim e, que ela seria a minha Afrodite. Disse também que o convite era irrecusável, pois a noite seria um sonho, breve, mas ainda assim um sonho.
Mas como disse anteriormente, daqui a pouco, em mil anos luz, uma trupe de seres quase humanos mezzo Blade Runner, mezzo Inteligência Artificial, herdará um carnaval intergaláctico – repleto de enredos aparentemente banais – e então o amor de Afrodite já não será tão delicado, sensual e tampouco irrecusável.
A banalidade reside na automação de todos os sentimentos. O carnaval esta aí basta olhar ao redor, todos fantasiados, zombando da vida, faça sol ou faça chuva.
Descobri com lagrimas que fevereiro/março é todo dia, toda hora, toda noite na avenida, esteja ela cheia ou vazia.
A espuma do mar desvanece e o arlequim não faz nada além do que chorar.
Trilha Sonora
Artista: Los Hermanos
Música: Samba a Dois
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