terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Efêmeros Robôs




Olho pelas ruas
pessoas caminhando solitárias
cada qual com seu fone de ouvido
não querem mais ouvir a voz do outro
não conseguem mais conjugar Chico
‘olhos nos olhos
quero ver o que você faz...’

Parecem cansadas do barulho da metrópole
anestesiadas pelo toque na tela de seus smartphones
não precisam mais olhar nos olhos
preferem digitar seus sentimentos
deletar seus desafetos
escondem o brilho
ofuscam as relações
não conseguem mais
memorizar suas canções favoritas
seus momentos especiais
filmam tudo
gravam tudo
desperdiçam o sagrado
profanam o amor a vida
são quase os replicantes de Blade Runner
suas íris não contam mais sua história
o passado está armazenado
em Hd’s
não há mais
memória afetiva.

E eu sigo caminhando
esbarrando em robôs
efêmeros robôs...

Vitrola: The Style Council – Boy who cried wolf

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