Melina está em frente ao espelho
Sua face está coberta por uma maquiagem branca e espessa
Que encobre seu rosto macilento
São as marcas visíveis da doença que lhe rouba a vida sem pena
Aceleradamente
Melina é um astro do rock prestes a morrer
Ele sabe disso
E no camarim ao encarar sua frágil aparência no espelho
Chora copiosamente
O palhaço enfim se rende a fraqueza humana
Mas por poucos momentos
Porque logo em seguida ouve na memória uma ária
Que poderia ser a sua própria tragédia
Não apenas ouve, mas senti como nunca antes na vida
Aquelas palavras
Que mais uma vez borram a sua mascara mortuária
Os palhaços também morrem um dia
Diria algum poeta desesperançado
Recitar,
enquanto tomado pelo delírio
não sei mais aquilo que digo
e aquilo que faço.
Todavia é necessário. Esforça-te! Vai!
És tu talvez um homem?
Ah! ah! ah! ah! ah!
Tu és Palhaço.
Veste o casaco
e a cara enfarinha.
O povo paga
e quer rir aqui.
E se Arlequim
te rouba a Colombina,
ri Palhaço
e cada um aplaudirá.
Muda em piadas
o espasmo e o choro,
numa careta o soluço
e a dor.
Ah! Ri Palhaço,
sobre o teu amor partido.
Ri da dor
que te envenena o coração!
*Melina era o codinome carinhoso com o qual Elton John chamava o amigo Freddie Mercury.
Trilha Sonora
Artista: Luciano Pavarotti
Música: Vesti La Giubba (Pagliacci)
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