Certamente Lars Von Trier não é daqueles diretores que gosta de facilitar os conteúdos de seus filmes ao espectador, essa coisa de esmiuçar, colocar na boca e mastigar enredos, cenas ao 'consumidor' está longe de ser sua predileção em relação a arte, e eu fico feliz por isso. Seu mais recente longa metragem, Melancholia (2011) é resultado de sua filmografia, por vezes polemica, cruel, mas acima de tudo sempre uma inebriante obra de arte.
O prologo do longa é de uma beleza arrebatadora, deixa a sala de projeção muda, quieta, em transe frente a cena esteticamente tão bem trabalhada e ao mesmo tempo angustiante. O elenco encabeçado pelas musas Kirsten Dunst, e Charlotte Gainsbourg confere peso e profundidade a película, trazendo ainda uma boa atuação do versátil Kiefer Sutherland, sim ele, o Jack Bauer de 24 horas.
Dividido em duas partes, dois pontos de vista para a vida, talvez, Justine e Claire, as irmãs, os pontos de observação do tarado humanista Lars Von Trier. Melancholia é um incomodo visual rodeado pela beleza, ao mesmo tempo em que anuncia o fim deste mundo, desta vida, deste plano incerto que mescla a depressão genética de Justine e a tensão aparentemente fria e posteriormente desesperada de Claire.
Em dias de farta informação, eu diria uma generalização do piloto automático ‘cultural’, sair da sala escura quase imóvel traduz que o cinema ainda pode ser tratado de maneira adulta, sem a infantilização do espectador, cada vez mais mimado pela indústria do entretenimento.
Neste aspecto pouco importa por quem o diretor dinamarquês nutre ou não, simpatia. Com Melancholia Lars Von Trier confirma que sua cinematografia é impar e infelizmente por diversos motivos ainda para poucos.
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