quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Hell



…Nos somos uma espécie de elétron sem núcleo. Temos um cartão de crédito no lugar do cérebro. Um aspirador no lugar do nariz, e nada no lugar do coração...”

Lolita pille

A vida ensandecida de Hell contaminou a minha sanidade numa noite de terça-feira. Ao terceiro e derradeiro sinal, o mais temido para atores e diretores em noite de pré-estréia, as cortinas do inferno caíram bem ali na minha frente. Do cenário à meia-luz e da trilha sonora envolvente, “Demain” na voz da bela francesa Berry, emerge em cena a persona Hell.

Ao cair da noite e quando escurece Paris muda de cor e sentidos...

A fumaça dos cigarros de Hell adverte: serão noventa minutos de angústia narradas em primeira pessoa pela personagem principal que nos leva a uma história de amor, intensa, cega, e sem limites. 

A banalidade da vida de Hell (Bárbara Paz) e Andrea (Ricardo Tozzi) é devastadora, uma polaróide da vida irreal ornamentada por drogas, álcool, sexo, luxo, e futilidades...

O cheiro do cigarro que Bárbara Traga em cena invade as minhas narinas, ao redor ouço o barulho de tosse em todo o teatro. Se o diretor Hector Babenco queria transpor Hell das páginas do livro para o palco a fim de traumatizar-nos a todos, a sociedade hipócrita, ele foi feliz em seu intento: sinto-me por alguns segundos dentro do inferno chamuscando a minha alma de dores intransponíveis, iludindo os meus olhos com a beleza física e teatral de uma Bárbara Paz possuída por sua personagem, até desaparecer ao som da trágica "La Traviata" numa cena comovente. 

Quando tudo acaba então percebo que aos poucos retorno para o mundo real... Avisto Marina Lima, Bruno Barreto, Rubens Ewald Filho, Daniel Piza, Tereza Collor, dentre outros ilustre convidados, mas minha mente não pára de pensar e memorizar a figura de Hell, com quem certamente ainda sonharei por alguns longos anos. 

Trilha Sonora
Artista: Berry
Música: Demain

3 comentários:

Lidce disse...

Tenir, tenir, tenir... demain, aujourd´hui. A realidade é cruel,mas nem todos conseguem conviver com ela nem assumir que foram tomados pelo "Hell", que é a vida do consumo.Que adianta ter Prada,Gucci,Chanel se não se tem o "heaven"? Ter, ter, ter.

Yan Sant'Anna. disse...

Você não sabe como eu faço pra conseguir a trilha sonora, né?!

acervopop disse...

Oi Yan!

Talvez algum cd da Berry.

Abços,