quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cinema Imaginário



Corria loucamente pela calçada. Eram quase oito horas de uma manhã nublada, fria e sisuda. Atravessou às ruas do bairro até alcançar o belo bosque da vila. Do outro lado da cidade alguém discou o número do seu celular à espera de que aquele telefonema pudesse alterar o rumo de sua vida.

Uma voz em off surge na história:

-Nessas horas eu sempre me recordo destes acordes, desta melodia tristonha que faz um dia de frio parecer o fim de uma vida.

Então ela atendeu o celular abruptamente respirando ofegante tamanha a presa com que caminhava:

(ela) -Oi...o que você quer? Porque insiste em me procurar? Eu já não te disse tudo o que deveria, e não deveria dizer a você ontem à noite?

Silêncio do outro lado... uma sensação de um vazio sem fim...

(ele)-Não...Quem não disse tudo o que deveria ser dito fui eu...

(ela)-Eu não estou interessada em nenhuma teoria...

(ele)-Ok. Você fica parecida com o Belchior quando faz de nossa briga um discurso retórico poético...

(ela)-Eu não suporto o Belchior, você sabe bem disso!

(ele)-Humm, pelo menos agora você foi um pouco mais espontânea...

A voz de entonação grave em off retoma à cena:

-Não adianta.... A discussão a qual assistimos de camarote não conduzirá este casal a lugar algum, a não ser a cama de um, ou, a do outro.

E assim sobem os créditos deste curta metragem de terceira, ao som da poesia de Moz.

Trilha Sonora
Artista: Morrissey
Música: Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me

terça-feira, 29 de junho de 2010

Volver



Mais uma banda vinda de Pernambuco. Deve ter algo na água lá de Recife... Por lá o rock parece nascer na veia, sempre com traços regionais peculiares. Os meninos do Volver trazem em sua música força, desenvoltura, pitadas dos Strokes nas guitarras distorcidas... Bem, eu acho um som bem bacana, inclusive uma melodia assoviável. Ponto.

Trilha Sonora
Artista: Volver
Música: Pra Deus Implorar

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mestre João Bosco



Dizer que João Bosco é um grande artista poderá soar redundante, porque Bosco além de músico virtuoso, compositor perfeccionista é uma enciclopédia viva da musicalidade brasileira do século 20. Preterido por alguns em terras tupiniquins é reverenciado como mestre nos Estados Unidos. O Brasil é mesmo um país sem memória.

Na estrada há décadas João Bosco possuí como principal característica musical a convergência entre variados ritmos afros-brasileiros, sobretudo quando trata-se de samba, neste quesito é mais do que um mestre; é um rei! Outra peculiaridade genial deste músico é sua parceria intima com seus violões, de onde extrai, abstrai e arranja tudo o que pode e um pouco mais.

“Papel Marche” é um dos seus hinos, uma melodia lindíssima pontuada por harmonia de grande calibre. Simplesmente encantadora, mesmo após tantos anos de sucesso não cansa!

Trilha Sonora
Artista: João Bosco
Música: Papel Machê

domingo, 27 de junho de 2010

Clássicos do Pop - Men at Work



Uma das bandas mais bacanas de todos os tempos, o Men a t Work me traz leveza, alegria, vontade de dançar. Estes australianos fizeram história na música pop dos anos 80.

Sucesso de 1982, "Down Under", é uma canção alegre e cômica sobre australianos viajando pelo mundo confiantes nas virtudes de seu país e sobre a imposição da cultura norte-americana e européia às belezas naturais da Austrália. A canção foi um sucesso de vendas em vários países, incluindo o Reino Unido, onde chegou ao primeiro lugar do top 20, uma façanha e tanta.

Então, vamos ao trabalho...

Trilha Sonora
Artista: Men at Work
Música: Down Under

sábado, 26 de junho de 2010

Carpenters



Ele descobriu algo de novo: o amor. Aos treze anos pela primeira vez sentia aquilo que faz a vida valer a pena.

Como num passe de mágica experimentou o aroma da fragrância do Jasmim e, percebeu que era o mesmo que exalava no caminho para a casa de sua Julieta. Mas Julieta na verdade chamava-se Sofia e, era uma jovem vinda de outra cidade para passar as férias daquele verão.

Era um verão escaldante, sol a pino, temperaturas causticantes. Tudo corria como outrora até que numa bela tarde seus olhos conheceram aquela garota loira, de olhos levemente esverdeados, esguia, com sardas, extremamente charmosa, corpo desenhado e de lábios bem carnudos. Seria a bela da tarde de Buñuel?

Essa foi a primeira imagem de Sofia que ele congelou em sua retina.

Ele não sabia muito bem como dizer – ou se – era realmente necessário converter aquela sensação trepidante em palavras. Seria possível traduzir um sentimento avassalador?

Passou os primeiros dias travando um embate surdo consigo mesmo. Seu maior adversário: a sua própria timidez.

No fundo sabia que era correspondido, pois o olhar perdido e, o sorriso radiante de Sofia não disfarçava que ali entre ambos havia um desejo mútuo.

Passaram três semanas em uma casa de veraneio junto a uma multidão de jovens e adultos. Naquela atmosfera às vezes febril era certo encontrá-los próximos fosse brincando, jogando conversa fora ou, até mesmo brigando por pequenas tolices da idade. A provocação e a sedução eram recíprocas.

Acordavam cedo e logo estavam seguindo o trajeto entre a casa e a praia. Os dois transformavam aquele trivial instante em uma espécie de jornada, uma autêntica exploração sensorial.

Durante as noites na hora de dormir a luz que irradiava da rua, iluminava os olhos dos dois apaixonados. Em seus sonhos aquele era o momento perfeito, quem sabe ali o primeiro e eterno beijo de amor.

As férias terminaram e Sofia retornou para sua cidade. A distância motivava aquele romance velado não consumado (será mesmo?).

Foram cartas e mais cartas meses a fio – enquanto “a realidade mais delicada e mais difícil, menos visível a olho nu” batia à porta dos dois jovens enamorados.

Assim como uma tela de Cézanne perdida em algum sótão empoeirado e ordinário, onde sua beleza não podia ser apreciada, o tempo tratou de estancar aquela irresistível aventura.

Após anos sem noticias ele a reencontrou em uma viagem a sua cidade. Sofia estava casada e era mãe de três filhos.

Observou que a sua juventude continuava quase intacta, e por alguns instantes não hesitou em colocar-se no lugar do seu marido, mas preferiu guardar as boas recordações de uma década e meia atrás.

Sofia era a lembrança mais gratificante de um verão em sua juventude, talvez o melhor verão da sua vida.

Trilha Sonora
Artista: The Carpenters
Música: We've Only Just Begun

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sessão Balada



Um dos grandes sucessos de Whitney Houston "I Have Nothing", que fez parte da trilha sonora do filme O Guarda-Costas (1992), o qual protagonizou junto com Kevin Costner. A balada também foi indicada ao Oscar de Melhor Canção Original.

Do fundo do baú...

Trilha Sonora
Artista:Whitney Houston
Música: I Have Nothing

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dexys Midnight Runners



Corria o ano sagrado de 1978, quando o pirado Kevin Rowland uniu-se a outros doídos de plantão e formaram os, Dexys Midnight Runners, na cidade de Birmingham, na Inglaterra.

Bolaram um visual inspirado nas gangues e estivadores de Nova Iorque, e partiram para criar um soul moderno e cativante.

Mas foi apenas em 1982 com o álbum, Too-Rye-Ay (Mercury), que o milagre aconteceu: os Dexy’s chegaram ao topo das paradas aos 47’ do segundo tempo. Foi um golaço marcado na raça e na base de muita persistência.

“Come on Eileen” tornou-se o single mais vendido daquele ano na Inglaterra, alcançando no ano seguinte o primeiro lugar no hit parade dos Estados Unidos.

A canção é lembrada até hoje por ser naturalmente contagiante. Pelo menos na minha, e na memória de muita gente, continua sendo uma das melhores canções no formato pop do século passado.

Trilha Sonora
Artista: Dexys Midnight Runners
Música: Come on Eileen

quarta-feira, 23 de junho de 2010

As Cores de Almodóvar



Mateo Blanco, ou, Harry Caine? Faça a sua escolha.

Almodóvar nos brinda com duas narrativas que correm em paralelo sobre o mesmo homem, o diretor e roteirista Mateo Blanco (Lluís Homar).

A película contém cenas memoráveis, que tornaram o sábado deste narrador menos monótono.

Com enredo e roteiro convincentes, “Los Abrazos Rotos” traz as cores e o melodrama com pitadas de humor à moda “almodovariano”, e também pode ser compreendido enquanto o retrato de um afeto maduro, da melancolia que aflige o ser humano quando algo frustra sonhos, planos e termina por arruinar o curso “normal” da vida.

Por isso a metáfora com o cinema não poderia ser mais feliz ao cutucar tal ferida.

Então surge na tela o amor de Mateo por sua estrela de última hora, Lena, vivida por Penélope Cruz (em grande atuação) e deste encontro assistimos momentos de pura sensibilidade:

Uma praia linda, Villa Famara, um casal e sua paixão capaz de irromper barreiras caminhando com o som de Cat Power ao fundo – e como um mau pressentimento o vento que sopra carrega um jornal e, com ele noticias e razões que levarão o amor de Mateo e Lena a uma encruzilhada que resultará em súbita e brutal separação.

A parti daí descobrimos o porquê da existência do pseudônimo Harry Caine na vida de Mateo Blanco.

Com suas personagens encantadoras como, Judit Garcia (Blanca Portillo) e seu filho, Daniel (Tamar Novas), e outros mais canastrões – observe o empresário Ernesto Martel (José Luis Gómez), Almodóvar prende o espectador na poltrona por cerca de duas horas e meia, com direito a risos e lágrimas.

Sua possível ‘fraqueza’ no final da película causa-nos a nítida impressão que o quebra-cabeça que pode ser a montagem de um filme, ou, os próprios meandros da vida, são montados e remontados inúmeras vezes.

Los Abrazos Rotos não deixa de ser um conto sobre a superação humana, pois mesmo quando tudo parece às escuras, até mesmo nestes momentos ainda é possível enxergar e se emocionar com as cores impressas por Almodóvar.

Trilha Sonora
Artista: Cat Power
Música: Werewolf

terça-feira, 22 de junho de 2010

Clássicos do Pop - Tears For Fears



Há uma ambição poética neste grande hit dos anos 80. O Tears For Fears foi uma banda pop capaz de composições fortes e, de um álbum extraordinário do calibre de Song From The Big Chair (1985), uma pérola capaz de trazer à tona qualquer ambição embutida em certa arrogância com maior nitidez.

E quem era melhor? Roland Orzabal (guitarra/voz), ou, Curt Smith (baixo/voz)? Bem... juntos eram imbatíveis, melhor do que separados.

Adoro este vídeo e o som desta canção, bons tempos.

Trilha Sonora
Artista: Tears For Fears
Música: Everybody Wants To Rule The World

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Blur



Ainda me causa emoção assistir Damon Albarn soltando a voz em “The Universal”, uma canção para grandes eventos.

O Blur rivalizou com o Oasis durante a década de 90 no Reino Unido o posto de queridinhos do público britânico. Não foram talvez a melhor banda, mas seus shows com o tempo foram transformados em espetáculos espontâneos com adesão maciça de jovens e adultos.

Vale o registro deste momento durante o festival de Reading (2003), sem dúvida alguma "The Universal" é uma linda canção pop.

It really really really could happen
Yes it really really really could happen…

Trilha Sonora
Artista: Blur
Música: The Universal (live)

domingo, 20 de junho de 2010

Blondie



Vamos viajar no tempo? Então entre no túnel do tempo, sintonize uma rádio idônea e ouça Blondie...

Não sei bem o que sinto quando ouço a voz sensual de Deborah "Debbie" Ann Harry. Nunca subestime o talento de uma loira, ela pode ter o nome de Debbie, ou Norma, que ficou mais conhecida como Marilyn.

O Blondie sempre será lembrado pela ‘perversão’ de adicionar à crueza do punk rock elementos da dançante disco music dos anos 70. Este é o legado deixado pelo Blondie e sua principal contribuição ao pop rock, por isso ainda hoje falamos da banda norte-americana e de sua linda vocalista.

Trilha Sonora
Artista: Blondie
Música: Heart Of Glass (Live 1982)

sábado, 19 de junho de 2010

Antony And The Johnsons



Antony and The Johnsons é o nome da banda formada em Nova York pelo cantor e pianista inglês Antony Hegarty, artista fortemente influenciado por bandas dos anos 80, sobretudo o duo Soft Cell e o Culture Club, de Boy George.

Antony viveu sua adolescência na Holanda e, posteriormente, na Califórnia, de onde mudou-se para a "Big Apple", onde estudou teatro experimental e formou sua primeira performance musical pop.

O pianista adota um visual andrógino e aborda, em sua música, temas como a transexualidade, como na canção For Today I Am a Boy (Por Hoje Sou um Garoto).

Seu primeiro e homônimo disco foi lançado em 2000, apresentando uma formação pouco convencional para o pop: O trio guitarra, baixo, bateria com cello, violino e sopros, além do piano de Antony.

“You Are My Sister” é um dos hits deste polêmico e talentoso artista.

Trilha Sonora
Artista: Antony and the Johnsons
Música: You Are My Sister

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Imortal José Saramago




O que faremos sem a tua voz profética?
Aonde acalentaremos as nossas esperanças?

Rezaremos muito
Para que no mundo contemporâneo
Quiçá surjam sujeitos corajosos como tu.

Silêncio...
Silêncio...

Arranha-Céu



Esta música de Alicia Keys foi feita para dias iluminados. O Empire State Building é um arranha-céu robusto que resiste ileso mesmo em tempos de terrorismo em massa. Existem dias na vida da gente em que a nossa força, altura, imponência, lembram vagamente o velho e bom Empire State.

A voz de Alicia é tudo de bom, adoro suas composições, seu visual, suas letras.

Trilha Sonora
Artista: Alicia Keys
Música: Empire State of Mind

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Momento da Rendição



Existem momentos em que a minha maior vontade é me render. Entregar tudo aquilo que agarro com tanta paixão, firmeza e, devoção. Eu sei que há um preço alto para conduzir a minha existência adiante
Na liberdade criativa

Sem amarras
Prisões
Repressões,
Pois voar livre é uma sensação inebriante
Irradia euforia na alma.

E ouvir tantos ‘nãos’ vai minando a minha confiança
Em dias menos turbulentos,
E mais aprazíveis.

Este é o momento da rendição
É quando abaixo a minha guarda
Perco algumas esperanças
E os meus olhos ficam totalmente transparentes...

Mas eu não me rendo
Assim tão fácil
Sem lutar
Relutar
Teimar
Errar
Cair
Nem que seja pela última vez.

Eu ainda enxergo algumas luzes clareando aquele caminho...

Trilha Sonora
Artista: U2
Música: Moment of Surrender

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Richard Hawley no Reserva Pop



Richard é isso. Um híbrido entre Elvis – pode ser o Presley, ou, o Costello, e ainda a figura de Roy Orbison passeando por entre sua voz. Suas canções podem ser doces como esta “Tonight The Streets Are Ours” que adoro ouvir quando vou deitar.

Pra ninar em paz neste frio lascado.

Trilha Sonora
Artista: Richard Hawley
Música: Tonight The Streets Are Ours

terça-feira, 15 de junho de 2010

País Tropical



Este cidadão sentiu na pele a intolerância. O documentário “Ninguém sabe o duro que dei” (2009) remonta esta história e um pouco da trajetória interrompida do cantor.

Dentre tantas qualidades artística de Simonal, aquela que me causa impacto ainda hoje é o seu carisma, algo totalmente genuíno.

Como quase tudo no Brasil, foi preciso à morte de Wilson Simonal para que o outro lado da história viesse à tona. Constrangimento, depressão, alcoolismo, apenas algumas consequências de uma história que de fato nunca foi esclarecida.

Mudando de assunto, o Brasil do Dunga estreia hoje na África do Sul. A pergunta que não quer calar diz respeito ao visual do "doce" treinador brazuca: Com qual ferradura o Dunga irá aparecer no jogo? Com a da Nike, ou, da Adidas? Só pra descontrair um pouco, porque futebol que é bom a gente não vai ver mesmo. Aliás, ele, o Dunga, está na profissão errada, deveria ser motorista de taxi, ônibus, caminhão...Vai gostar de volante lá nos quintos! Fui... 


Trilha Sonora
Artista: Wilson Simonal
Música: País Tropical

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Prince



Depois de uma semana bem estressante, nada como iniciar uma nova ao som de Prince. Outro dia cai na pista enquanto “Kiss” rolava nas picapes do DJ, sem dúvida, uma das melhores canções deste gênio indomável.


You don't have to be rich to be my girl
You don't have to be cool to rule my world
Ain't no particular sign I'm compatible with
I just want your extra time and your kiss


Trilha Sonora
Artista: Prince
Música: Kiss

domingo, 13 de junho de 2010

Bijuterias



Outro dia falei aqui de João Bosco. Para mim uma de suas mais belas composições intitula-se “Bijuterias”– de fato perdoem-me pelo trocadilho: uma jóia de raríssima beleza.

Neste especial para a TV Globo em 2009 a jovem cantora mineira Elisa Paraíso desfila elegância em um arranjo jazzístico para a canção do conterrâneo ilustre. Elisa defende com ênfase a pontuação da linha vocal da música em uma bela homenagem.

Trilha Sonora
Artista: Elisa Paraíso
Música: Bijuterias

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Marquês de Suede



O Suede é uma espécie de polaróide musical dos anos 90 no Reino Unido. Os jovens logo se identificaram com a trupe de Brett Anderson e Bernard Butler, suas letras sobre as dores, dilemas e, incertezas que o fim da era industrial traria as novas gerações daquela região e do mundo globalizado.

Do subúrbio londrino logo brotaram poesias urbanas amarguradas, melancólicas, passionais, latentes e às vezes viscerais, todas devidamente emolduradas por canções envolventes e apaixonantes, principalmente nas linhas melódicas da sonoridade esplêndida que Bernard Butler conseguiu extrair de suas guitarras.

Anderson e Butler são a dupla mais talentosa e original de artistas surgidas na cena musical inglesa desde Steven Patrick Morrissey e Johnny Marr dos Smiths.

O sentimento à flor da pele não difere quando ouvimos os primeiros acordes de “The Wild Ones”, uma balada que aborda liricamente as inclinações de um amor arrebatador.

Há uma canção tocando na rádio
No céu, a atmosfera do espetáculo matutino
Enquanto a música toca, uma vida se esvai
E enquanto abro as cortinas em minha mente, estou acreditando que você poderia ficar
E, se você ficar, eu perseguirei a chuva pelos campos afora
Nós brilharemos como a manhã e pecaremos ao sol
Se você ficar
Nós seremos os loucos, correndo com os cães, hoje

Este é o meu auto-presente para o dia de hoje: 41! O tempo voa.....
Trilha Sonora
Artista: Suede
Música: The Wild Ones

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Clássicos do Pop - Beatles



Ontem o meu final de tarde ficou tão triste. Recebi noticias de alguém que me faz lembrar a bela canção “This Guy's In Love With You”, adoro a versão do Faith No More, parece até combinado, pois o problema da pessoa agora é ausência total de fé e esperança na vida.

Dor e angústia, talvez essa seja a melhor definição para expressar a aflição do momento. Não somos donos nem de nós mesmos, o que dirá dos amigos.

Então agora tento enviar boas vibrações, pensamentos bons para alguém que não está nada bem, alguém que necessita lembrar que ainda existe luz e amigos esperando por ele deste lado.

Não tenho muito mais o que fazer...e isso incomoda.

All these places had their moments
With lovers and friends I still can recall
Some are dead and some are living
In my life I've loved them all

Trilha Sonora
Artista: Beatles
Música: In My Life

quarta-feira, 9 de junho de 2010

UTI



Não é muito fácil ver o seu pai preso a um leito de UTI num hospital, aliás, não é nada fácil por si só adentrar em uma UTI para visitar seja lá quem for. Pesa sobre nós a clara noção da finitude, da qual sempre de algum modo tentamos driblar. Daí uma coisa puxa outra, e eu em minha aflição encontrei este grande artista...

Era uma vez um inglês chamado, Steven Demetre Georgiou, que depois virou, Yusuf Islam.
Para música pop sempre será lembrado pelo seu alter ego, Cat Stevens.

“Father and Son” é um lamento necessário sobre a diferença entre pais e filhos.
Por que será tão difícil às vezes dizer o que temos dentro de nós? Haverá um amanhã para dizer o que nunca foi dito?

But take your time,
think a lotI think of everything you've got
For you will still be here tomorrow
But your dreams may not

Lembrei de Stevens também graças a uma peça publicitária de um automóvel, e, com ela, me veio à lembrança de hoje quando antevi o caos que costumamos chamar de tempo.

O comercial termina com o slogan: “algumas coisas podem até mudar, mas lá no fundo são as mesmas”.

Trilha Sonora
Artista: Cat Stevens
Música: Father and Son

terça-feira, 8 de junho de 2010

Uma Esquina Diferente



Eu diria que o amor é uma coisa mágica
Eu diria que o amor nos poupa da dor
De estar aqui
De estar aqui
Eu te prometeria toda minha vida
Mas te perder me cortaria como um punhal
Então eu não me atrevo
Não, não me atrevo

Porque eu nunca estive perto
Em todos esses
Você é a única que pára minhas lágrimas
E eu tenho tanto medo
Tenho tanto medo

Me leve de volta no tempo
Para talvez esquecer
E dobrar uma esquina diferente
Onde nunca nos conheceriámos
Você se importaria?

Eu não entendo
Para você é uma brisa
Pouco a pouco
Você me deixou de joelhos
Não se importa?

Não, eu nunca cheguei perto
Em todos esses anos
Você é a única que pára minhas lágrimas
Tenho tanto medo desse amor

E tudo o que eu tenho
É esse medo de ser usado
Deveria voltar e ficar sozinho e confuso
Se eu pudesse, eu voltaria, eu juro.

George Michael

Acho esta canção de George muito bonita. Existem dias em que a gente avista outras esquinas, algumas tenebrosas, outras trágicas, e bate um certo medo. Mas... ouvindo Michael cantar as coisas começam a acalmar. 

Trilha Sonora
Artista: George Michael
Música: A Different Corner

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Leonard Cohen



Quando Leonard Cohen escreveu esta bela canção de amor em 1984, ele na realidade remetia a letra ao holocausto da Segunda Guerra. Cohen ficara sabendo que em um determinado campo de concentração nazista ao lado do crematório um quarteto de cordas era obrigado a tocar durante a incineração de corpos.

A partir desta informação fica mais fácil fazer a ligação entre a história real e ficcional retratada por ele enquanto uma relação amorosa no decorrer da clássica canção.

Dance-me até sua beleza com um violino ardente
Dance-me através do pânico até eu estar em segurança
Eleve-me como uma oliveira e seja a pomba fazendo ninho em mim

Dance-me até o fim do amor
Dance me até o fim do amor

Deixe-me ver sua beleza quando as testemunhas se forem
Deixe-me sentir você se mover, como fazem na Babilônia
Mostre-me lentamente aquilo de que eu só conheço os limites

Dance-me até o fim do amor
Dance-me até o fim do amor

Dance-me ao casamento agora
Dance-me, outra vez e outra vez
Dance-me mansamente e me dance por muito tempo

Nós dois estamos abaixo do nosso amor
Nós dois estamos acima
Dance-me até o fim do amor

Dance-me até as crianças pedindo para nascer
Dance-me até as cortinas que nossos beijos desgastam
Monte uma barraca de abrigo agora, embora toda linha esteja rasgada.

Dance-me até o fim do amor
Dance-me até o fim do amor

Trilha Sonora
Artista: Leonard Cohen
Música: Dance Me to the End Of Love

domingo, 6 de junho de 2010

Poeta e Anarquista



“O poeta é o traficante da liberdade”, dizia Júlio Barroso. Precursor do que viria a ser o rock Brasil nos anos 80, o jornalista e DJ (que não sabia discotecar) trouxe para a música brasileira moderna humor e originalidade.

Com a Gang 90 Júlio coloriu o cenário musical do rock brasileiro de arte e anarquia. Trouxe idéias de sua experiência em Nova York nos tempos da New Wave, que para ele era apenas uma revigorada de antigos riffs e estéticas do velho e bom rock’n’roll.

A Gang 90 lançou um álbum recheado de boas canções, “Nosso Louco Amor”, “Perdidos na Selva”, “Jack Kerouac” e, claro “Telefone”. Quando se preparava para iniciar as gravações do segundo LP da banda, Júlio Barroso caiu do 11° andar de um edifício em São Paulo, era 6 de junho de 1984. Morreu na flor da idade aos 30 anos. Pouco antes havia dito em uma entrevista para a TV: “Eu pretendo fazer isso durante muitos anos, ficar velhinho fazendo música eu acho isso muito bonito”.

Júlio partiu deixando um legado que possibilitou para a ‘Música Pra Pular Brasileira’ – conceito seu para todas as vertentes dançantes da música brasileira – erguesse novas nuances para as gerações futuras. Acho que ele conseguiu.

Trilha Sonora
Artista: Gang 90 e Absurdettes - (Júlio Barroso, Taciana Barros e May East)
Música: Telefone (1983)

sábado, 5 de junho de 2010

Suécia Pop



A banda foi formada em 1996 na pequena, Åkersberga (eita nome fácil!), a 30Km de Estocolmo. Em 1999, assinaram com a V2 Records, depois de lhes terem enviado uma demo com 3 canções.

No dia 21 de Novembro de 1999, sai o primeiro single On A Train, e no ano seguinte o primeiro álbum til We're Dead. Depois disso gravaram mais quatro álbuns e continuam na estrada com suas guitarrinhas meio sujas e levadas interessantes como esta na divertida “Flat Earth”, uma delicia em forma de rock.

Como vemos nem só de Abba e Roxette vive a Suécia pop. 

Trilha Sonora
Artista: Eskobar
Música: Flat Earth

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cansei de Ser Sexy



O Cansei de Ser Sexy é provavelmente a banda brasileira que mais faz sucesso atualmente no exterior. Passaram meio batidos aqui pelo Brasil, e com um pouco de sorte, criatividade e muito trabalho conseguiram emplacar hits e turnês, sobretudo no circuito alternativo europeu de música.

A razão de tanta receptividade talvez resida na receita que mescla pop rock, new wave dos anos 80, indie rock, música eletrônica, além de uma mixagem pra lá de contemporânea. Outro item a favor da banda paulistana é sua vocalista Lovefoxxx, muito elogiada pela mídia estrangeira e musa indie na Europa.

Este vídeo gravado em São Paulo já é velho, mas vale a pena ver de novo.

Trilha Sonora
Música: Let's Make Love and Listen to Death From Above

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Última Sonata



Foges
Tal qual a ventania que assopra a praia
Na hora da tempestade

São ventos relutantes
Rodopiando em redemoinhos
Acrobacias espirais
Num vaivém
Que sobe e desce
Em altivez soturna
De sombria dança
Trovejante

Enganas
Teu espírito livre
Acorrentado ao amor latente
Sofredor
Acolhedor contumaz e,
De fé inabalável

Corre tu
Corro eu
Pelas margens insanas
Leito eterno de todo amor
Que beija, ou, não
A vida:
A tua,
A minha,
A nossa,
A dela,
E de quem mais...
Quiser

Pagar o preço
De seguir amando
Pelejando sem jamais
Negar
O que fere de morte
A vossa alma

Foi áurea
E celestial
A manhã
A tarde e,
A Noite
De todos os dias
Resumidos em apenas um
Nascido da linda juventude
Intacta retina
Que ainda hoje
Prendes tua face à minha

Foges
Da luz convexa
Alentadora de sua dor
Quando deparas contigo
Frente a um espelho
De turva visão
Então tu estranhas
Tua própria fisionomia
Ardente luz
Que não reconheces mais
Na geografia humana
Quem tu eras
Ou quem sonhou ser

Levante da tumba
Renasça com a aurora
De um novo dia
Não ouse mais carregar
Sozinho
Todo o peso deste mundo

E quanto ao piano
Que atravessa a alma
Quando um nó
Quer-nos trancar a garganta,
Direi a ti apenas:

Sentirei,
Sentirás,
Os acordes
Que precedem
E agasalham
A nossa
Última sonata.

Trilha Sonora
Artista: Vítor Araújo
Música: Paulistanas n°1

Poesia By Jonathas Nascimento ®
Direitos autorais reservados lei 9.610 de

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Todos os Meus Amigos



E onde estão os seus amigos esta noite?
Se eu pudesse ver todos os meus amigos, esta noite...

Sem dúvida uma das melhores bandas da década. Os norte-americanos do LCD Soundsystem conseguiram fundir eletrônica, punk, pop, disco, tudo no mesmo caldeirão sonoro e com qualidade apurada.

Sorte a nossa de poder ouvir uma pujante “All My Friends”, hit da banda. 

Trilha Sonora
Artista: LCD Soundsystem
Música: All My Friends

terça-feira, 1 de junho de 2010

Só nos Resta Viver



Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
Nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
Sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
Para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.

Fernando Pessoa

Quando Ângela Ro Ro canta estes versos eu me lembro de tantas coisas, sobretudo de alguém que parece incorporar cada palavra dita na canção como ninguém antes neste mundo de meu deus:

DÓI EM MIM SABER
QUE A SOLIDÃO EXISTE
E INSISTE
NO TEU CORAÇÃO
DÓI EM MIM SENTIR
QUE A LUZ QUE GUIA
O MEU DIA
NÃO TE GUIA NÃO...

...Enfim só nos resta viver.

Trilha Sonora
Artista: Ângela Ro Ro
Música: Só nos Resta Viver